Os leques, adereço utilitário e funcional, misterioso e sedutor, símbolo de estatuto e instrumento de comunicação social, desde a antiguidade até ao século XX, revelam-nos como estas obras de arte de pequena dimensão, decoradas com cenas do quotidiano oriental, cenas bucólicas, cenas de chinoiserie, cenas comemorativas, monogramas e motivos vegetalistas, de produção minuciosa e delicada, se difundiram na cultura oriental e na sociedade europeia.

Comercializados através das rotas comerciais com a Ásia, realizadas pelas companhias das Índias Orientais, os leques chineses produzidos entre os séculos XVI e XIX, estiveram na origem da intensificação da comercialização deste acessório ao longo dos séculos XVIII e XIX.

A produção de leques ocorreu em diferentes localidades da China e evoluiu esteticamente conforme o gosto interno chinês e a procura do mercado externo. Cantão e Macau destacaram-se no decorrer dos séculos XVIII e XIX como grandes fornecedores de peças para o mercado europeu e americano.

A gramática decorativa alterou-se no decorrer do tempo, a fim de atender ao gosto dos compradores. Entre os vários exemplares destacam-se os leques feitos com materiais nobres como marfim, madrepérola, tartaruga e seda. Por vezes, eram encomendados por clientes que desejavam peças com características singulares, ou para marcar uma efeméride (leques comemorativos).

Datados do século XVIII ao século XX, os 16 leques deste núcleo ilustram a diversidade de materiais, técnicas e motivos decorativos que caracterizam o período áureo da produção chinesa.

Dos exemplares em exposição, 15 pertencem ao acervo da Fundação Oriente, sendo agora apresentados no seu conjunto pela primeira vez.

Este é o mais recente núcleo temático a revelar até ao final de 2023, numa reconfiguração do discurso museológico da exposição permanente Presença Portuguesa na Ásia.