No início dos anos 1970, Ottinger começa o seu caminho no cinema, que é trilhado sempre de mãos dadas com a fotografia. Ao longo das décadas seguintes, viaja pelo mundo, interpretando-o através das suas lentes, numa síntese entre a mitologia, a ilusão e o realismo. Nas suas viagens, prepara “livros” de materiais visuais e textos recolhidos que serviam de guias para as filmagens. Ferramentas que a ajudam a explicar a sua visão àqueles que filma. Fixas ou em movimento, as imagens de Ottinger são um diálogo através de línguas e culturas. O Doclisboa, em colaboração com o Fundação Oriente, apresenta Ottinger como a artista convidada da secção Passagens, acompanhando a retrospectiva integral dos seus filmes no contexto desta edição do Festival. Esta exposição contém uma série de fotografias criadas, na sua maioria, em paralelo com a produção dos seus filmes. Estas variam entre composições teatrais surrealistas e retratos etnográficos, habitando o espaço liminar entre a ficção e o documentário. Os territórios representados são diversos, mas é estabelecida uma especial ligação com a China e a Mongólia, países onde Ottinger realizou diversas incursões, a partir das quais produziu um vasto trabalho fílmico e fotográfico. Em estreita relação com algumas destas fotografias, serão exibidos, no Museu do Oriente, os filmes Taiga (1991–92) e China. The Arts – The People (1985).
Crédito fotográfico: © Ulrike Ottinger