Entre os séculos XVI e XIX, o comércio de leques chineses conquistou os mercados europeu e americano. Feitas de diferentes materiais, estas peças tornaram-se um adereço indispensável para os chineses durante as dinastias Ming e Qing. Cantão e Macau viriam a destacar-se como importantes centros de comércio e fabrico de leques.
O leque podia ser entendido como um instrumento cerimonial ou apenas com função utilitária. A intensificação da circulação de pessoas e produtos fez com que estes objectos rapidamente se transformassem num adereço requintado nas principais cortes europeias. A partir do XVIII, intensifica-se a comercialização e uso do leque, que passa a fazer parte dos hábitos das mulheres de todas as classes sociais. Era prática corrente que quem viajava para terras asiáticas trouxesse, no regresso, presentes para os seus entes queridos, sendo comum oferecer às mulheres este tipo de objecto.
Ao analisar-se atentamente cada leque, é possível verificar que são obras de arte trabalhadas com requinte, em materiais nobres como o marfim, a carapaça de tartaruga e a seda. Havia também leques fabricados em papel, que se destacaram pela delicadeza das representações que ostentavam. A técnica de execução dos leques evoluiu, permitindo assim uma melhor eficiência e facilidade no seu uso como adereço.
A exposição Na Senda dos Leques Orientais oferece um panorama histórico sobre o aparecimento dos leques, os diferentes tipos de exemplares, o seu processo de fabrico, bem como o seu uso na cultura oriental e na sociedade europeia, desde o século XVI. Entre exemplares raros, obras de pintura, escultura e artes decorativas, as cerca de 180 peças em exposição revelam como este acessório, em diferentes momentos, se transformou num instrumento de comunicação social.
Paulo de Assunção | Comissário da exposição
Uma exposição inédita do leque chinês em Portugal, Na Senda dos Leques Orientais apresenta peças do acervo da Fundação Oriente, bem como de 23 emprestadores, entre museus e instituições culturais nacionais, a par de coleccionadores privados: Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Museu Nacional do Traje, Museu Nacional Soares dos Reis, Museu Nacional Machado de Castro, Museu Nacional de Arqueologia, Museu Nacional dos Coches, Palácio Nacional da Pena, Palácio Nacional de Queluz, Museu Municipal Santos Rocha, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Museu Medeiros e Almeida, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, Museu-Biblioteca Condes Castro Guimarães, Arquivo de Documentação Fotográfica, Sociedade de Geografia de Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, Centro Científico e Cultural de Macau, Museu de Santa Joana, Palácio Nacional da Ajuda e 3 colecções privadas.
Esta exposição conta com a colaboração de vários membros do Circuito Asiático, rede de museus e instituições culturais que integram as mais significativas colecções de arte asiática de Lisboa.